Um encontro inesperado

~ Um encontro inesperado ~



       Resolvi sair para arejar minha mente daqueles pensamentos perturbadores. Comecei a andar sem ter um rumo certo. Passei por várias lojinhas numa rua estreita e ao chegar na esquina, a qual dava em uma avenida, vi uma grande livraria com um café ao lado. Não sei porque, mas tive vontade de entrar. Cumprimentei a bibliotecária que me olhou pela ponta dos óculos quase caindo do nariz e me vi dentro de um lugar imenso, com um teto bem alto e enfeitado, do qual pendiam dezenas de luminárias em forma daquelas lâmpadas incandescentes antigas. As estantes de livros iam até o teto, divididas em diversos andares, e nos corredores havia grandes escadas de correr para que as pessoas pudessem alcançar as prateleiras mais altas.
       Comecei a andar olhando alguns títulos de livros sem procurar por nada especial, passando pelos corredores, subindo as grandes escadas helicoidais até o piso de cima. Encontrei uma sessão que pareceu interessante: “Literatura fantástica”. Vi um livro na prateleira do meio, cujo título era “Os 12 reinos”, peguei-o para folhear sem muito propósito e, ao retirar o livro da prateleira, vi pelo espaço vazio que ficara uma garota do outro lado. Eu não consigo explicar quão bonita ela me pareceu, fiquei hipnotizado. Estático. Se ela tivesse olhado pra mim naquele momento, provavelmente me acharia um maluco pelo jeito que eu a estava encarando, mas não eu não conseguia evitar, meus olhos não conseguiam se mover para outra direção. Ela tinha cabelos cor de avelã , lisos, que desciam até a altura de sua cintura, estava usando uma calça preta, sapatilhas e uma camisa jeans com as mangas arregaçadas até os cotovelos e procurava algum título numa prateleira mais alta do que ela, na ponta dos pés, recusando-se a usar a escada. Percebi que precisava falar com ela, não sabia como, mas sabia que eu precisava.
       Andei até a fileira de trás disfarçadamente, como se estivesse procurando alguma coisa. Quando cheguei mais perto, estiquei meu braço e peguei o livro que ela queria e estendi a mão em sua direção. Ela olhou para mim diretamente e quase paralisei de novo, ao ver seus olhos cor de mel, quase amarelos! Ela me agradeceu e pegou o livro da minha mão. Por um momento, ela me fitou, tentando entender por que eu parecia tão nervoso e então falou:
         – Estou esperando esse livro há quase um mês, espero que seja ainda melhor que o primeiro  e sorriu.
      Dei uma olhada na capa e vi escrito: As aventuras de Dwain Clockburn – a trilogia, livro 2. Então ela continuou.
           – Sou Helena – esticou a mão para me cumprimentar.
           – Lo-logan – respondi pateticamente, estendendo minha mão levemente trêmula e apertando a dela.
           – Prazer em conhece-lo Lo-logan – e saiu andando.
      Ela foi em direção à porta e parou no balcão da recepção para alugar pelo livro. Eu tomei fôlego e fui até ela.
          – Na verdade é só Logan – disse.
       Ela sorriu gentilmente para mim e respondeu – Eu sei, até mais Logan. – e saiu pela porta.
     Por um momento aquela cena repassou em minha mente e eu pensei em pelo menos cinco respostas diferentes que eu poderia ter dado para estender o assunto. Quando me dei conta ela já estava longe, atravessando a praça. Minha vontade era correr atrás dela, mas não tive coragem. Lembrei que precisava voltar, então olhei para trás, pensando que talvez eu nunca mais fosse vê-la e fui embora.


LIV.



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